Não têm raiz, caule, nem dão flor ou fruto e vivem em mares, rios ou lagos. São verdadeiras joias aquáticas, em particular as algas marinhas. As algas são a base alimentar do ecossistema aquático, mas também oferecem do ponto de vista nutricional, medicinal e ambiental, benefícios excecionais para o ser humano. Não é por acaso que muitos povos que vivem junto à costa marítima, em particular os do sudeste asiáticos, os índios da América Latina ou os europeus, sobretudo do Norte, são as que consomem com regularidade há muitos milhares de anos.
Em Portugal, a colheita de algas foi regulamentada, pela primeira vez, em 1308 pelo rei D. Dinis. Ainda hoje a Sargassum Muticum, vulgarmente denominada por Sargaço, é frequentemente extraída para a produção de biofertilizante.
As algas são seres únicos que se distinguem através da sua paleta viva e variada de cores. Existem mais de 25 mil espécies classificadas segundo a composição da sua pigmentação, a cor, que vai do verde ao castanho, passando pelo vermelho até ao azul. Mas atenção que nem todas podem ser consumidas pelo Homem, por serem tóxicas (têm uma frequência de energia muito elevada não sendo compatível com o nosso estado atual) e o consumo deve recair sempre sobre as algas 100% biológicas.
Estes vegetais aquáticos são vistos por muitos especialistas como um presente do futuro, devido à facilidade e rapidez com que crescem e se adaptam ao meio ambiente, o que permite uma constante reprodução natural ou até uma produção em larga escala em aquacultura e a um preço ‘low cost’.
Os dados de 2013, publicados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), já revelavam que a nível mundial se produz anualmente cerca de 27 milhões de toneladas de algas, sendo que 90% é feita em aquacultura. Em termos financeiros vale cerca de sete mil milhões de dólares, segundo a FAO.
Estes são, no entanto, números muito modestos face ao grande potencial que existe: produção para alimentação humana e para a indústria química que, além de fabricar medicamentos e produtos de beleza, aposta também na criação da nova geração de plásticos, os bioplásticos. Esta pode mesmo ser uma das soluções para travar a onda de poluição que está a matar o Planeta, pois segundo os últimos dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) são produzidos anualmente 400 milhões de toneladas de plástico, dos quais só 9% são reciclados com eficácia.
Hoje em dia, segundo um estudo da Ellen MacArthur Foundation, revelado no Fórum Económico de Davos de 2016, por cada cinco toneladas de peixe há uma tonelada de plástico no mar. Um rácio que em 2025 poderá passar a ser de apenas três toneladas de peixe para um de lixo (leia mais em “Reconheça um plástico com bisfenol a e proteja a sua vida”).
A combater esta onda gigante estão já empresas como, por exemplo, a Iberagar, Algaplus, Wedotch ou Algatec, entre outras que operam em Portugal, que desenvolvem a criação macroalgas destinadas à produção de bioplásticos (além de produzirem algas para alimentação e para a indústria). É a resposta às pretensões de Bruxelas que pretende, até 2020, ter 10% de bioplástico criado no mercado europeu.
Algas marinhas irradiam nutrientes
Se já comeu num restaurante chinês, japonês, tailandês ou macrobiótico provavelmente saboreou algas, mesmo sem saber. Estes vegetais do mar, vamos centrar a análise apenas nas macroalgas do mar, são ricas em:
- hidratos de carbono,
- proteínas,
- cálcio,
- vitaminas e
- minerais essenciais
São fonte de iodo, ferro, potássio, cobre, magnésio e zinco, entre outros nutrientes, além de muitas algas conterem também caroteno, uma substância que tem um papel protetor contra células cancerígenas. Mas para que a alga tenha altos valores nutricionais é necessário que seja cultivada no seu habitat natural e colhida em oceanos profundos, sem poluição e processada por métodos tradicionais, sublinham os especialistas. É preciso salientar, no entanto, que as algas são bioacumuladores ambientais, ou seja, os seus tecidos podem acumular metais pesados como mercúrio, chumbo, estanho, entre outros, fruto da poluição dos oceanos. Mas apesar do risco apresentam um valor nutricional ímpar.
Pedro Lôbo do Vale, médico, citado no site do Celeiro, é claro: “As algas apresentam um elevado teor proteico e algumas espécies, como a Spirulina, contêm cerca de 70% de proteínas. São ricas em aminoácidos essenciais e muito bem digeridas devido à presença de sais minerais e algumas enzimas. Estes vegetais apresentam um nível baixo de hidratos de carbono e de açúcares.” Este médico explica ainda que o iodo das algas pode ajudar a equilibrar a disfunção da tiróide em caso de hipotiroidismo, no entanto, para este tipo de doentes, Pedro Lôbo do Vale diz que o conselho do médico é essencial para quem quer fazer uma alimentação regular à base de algas.
O cardápio de benefícios ao organismo humano é muito vasto, mas só para se ter uma ideia reforçam o sistema imunitário, limpam e desintoxicam o sangue e o corpo, por isso são muitas vezes recomendadas em tratamentos contra a obesidade. E protegem o coração ou estômago de gastrites e úlceras, entre muitas outras situações, além de tratamentos de beleza do cabelo e pele.
Mas antes de consumir deve ter em atenção que cada alga tem benefícios únicos que convém respeitar, como por exemplo se é de água salgada e se é mais ajustada para épocas de temperaturas mais altas (Primavera ou Verão) ou frias como o Outono ou Inverno. Dúvidas que podem ser tiradas junto de um especialista em nutrição.
Este texto é uma tomada de consciência. De acordo com a estação do ano e o momento em que se encontra, cabe a cada um sentir se deve consumir este alimento. A dosagem e frequência depende da natureza e da condição física de cada Ser Humano.
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