O risco de ter diabetes, doenças cardiovasculares, um acidente vascular cerebral, tensão arterial alta, obesidade, doenças degenerativas, arteriosclerose, gastrite, alzheimer ou infertilidade, aumenta drasticamente com o consumo de refrigerantes e de outras bebidas açucaradas. Esta é a opinião de muitos cientistas, médicos e especialistas em nutrição que ao longo dos anos têm feito estudos rigorosos em que provam a ligação dos malefícios deste tipo de bebidas.
Na prática, o consumidor sofre muitas mazelas, em muitos casos perde mesmo a vida e a fatura é paga pela sociedade, que no caso português é em grande parte suportada através do Serviço Nacional de Saúde.
Como consequência, o Governo Português, tal como muitos outros, criou no início de 2017 um imposto especial para travar o consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas. A nova lei entrou em vigor em Fevereiro de 2017 e o balanço ao fim de seis meses apontava já para uma quebra de 25% no consumo, sendo de sublinhar que a indústria introduziu novos produtos com menor teor de açúcar para continuar a ser competitiva.
O princípio dissuasor é pago pelo consumidor português e entregue pela indústria ao Estado, mas os malefícios que a indústria provocou ao longo de décadas nos organismos dos consumidores continuam por cobrar, apesar desta indústria figurar no ranking das mais valiosas do mundo. Por exemplo, a Coca-Cola é vendida em mais de 200 países e são comercializadas diariamente mais de 1,8 mil milhões de garrafas, o que faz com que esta marca esteja avaliada, segundo a consultora Brand Finance, em 31,8 mil milhões de dólares (avaliação de 2016).
Os governos têm receio de enfrentar o forte lobby da indústria dos refrigerantes. Por exemplo, na Colômbia a indústria tem uma teia de interesses que controla os media e influência a sociedade. Já nos EUA, a Coca-Cola e a Pepsi patrocinaram pelo menos 96 organizações de saúde, entre 2011 e 2015, incluindo algumas dedicadas a lutar contra a obesidade e em simultâneo agiram contra, pelo menos, 29 propostas de lei que visavam a redução do consumo de refrigerantes. São ações de marketing que compram o silêncio de vozes importantes na sociedade, enquanto o poder económico desta indústria lança o pânico junto dos governos ao ameaçar com o fecho de fábricas e criar uma onda de desemprego.
Ainda em 2017, o Governo Português propôs criar um imposto semelhante para produtos com elevado teor de sal, mas o lobby da indústria foi mais forte e os políticos guardaram a legislação na gaveta com receio de represálias. Importa salientar que também no caso do sal, os malefícios estão mais do que provados pelos cientistas, médicos e especialistas através dos vários estudos (leia mais sobre o sal em artigos neste site).
Centrando agora a atenção nos malefícios dos refrigerantes, deixamos aqui alguns desses exemplos em pormenor para que cada um decida, em consciência, se quer continuar a consumir refrigerantes:
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Diabetes e Obesidade
Os refrigerantes possuem quantidades elevadas de açúcar que os consumidores muitas vezes desconhecem. Por exemplo, uma lata de Coca-Cola normal (33 cl) chega a ter 35 gramas de açúcar, o equivalente a 7 saquetas de açúcar. Com esta ingestão aumenta o nível de glicose no sangue e a resistência à insulina. A combinação destes dois fatores fazem disparar o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Além disso é uma verdadeira bomba calórica que promove a obesidade e no caso dos refrigerantes “light”, “Zero” ou “Sem Açúcar” têm menos calorias porque são artificialmente adocicados, mas continuam a ter os mesmos efeitos nocivos do que um refrigerante tradicional.
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Doenças Cardiovasculares
A combinação de obesidade com o aumento de glicose e gordura no sangue eleva o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares que são de vários tipos, sendo as mais preocupantes a doença das artérias coronárias e a doença das artérias do cérebro. Quase todas são provocadas por arteriosclerose (depósito de placas de gordura e cálcio no interior das artérias que dificultam a circulação sanguínea) que podem originar doenças como angina de peito, um enfarte do miocárdio, um acidente vascular cerebral, entre outras. Em Portugal, são as doenças que mais matam, segundo o Ministério da Saúde.
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Pressão Alta
Os refrigerantes podem levar a um aumento gradual da pressão arterial, devido às suas elevadas quantidades de sódio, cafeína e frutose (espécie de açúcar). O consumo constante e em excesso são assim uns fatores de risco de enfarte e do desenvolvimento de outras doenças cardíacas.
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Doenças degenerativas
Os aditivos químicos e outras substâncias usadas nos refrigerantes são tóxicos e potencialmente cancerígenos para as células do nosso organismo. Há vários estudos que apontam os refrigerantes como responsáveis de doenças degenerativas intestinal, da próstata, entre outros.
Além das substâncias químicas potencialmente cancerígenas do refrigerante, como o aspartame, estas bebidas contêm um pH muito ácido, semelhante ao do vinagre, que é disfarçado pela elevada quantidade de açúcar. O único órgão do corpo humano capaz de aguentar esse tipo de acidez é o estômago e, por isso, todos os outros órgãos, como a boca, o esôfago ou o intestino, que entram em contacto com este tipo de acidez podem, ao longo do tempo, desenvolver tumores devido às alterações provocadas nas suas células, revelam os especialistas em vários estudos.
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Osteoporose e Cáries
O ácido fosfórico, um composto químico que aumenta a acidez do sangue, está presente em muitos refrigerantes e faz com que o nosso organismo utilize o cálcio dos ossos para reequilibrar os níveis de acidez, alertam vários médicos e especialistas. Lair Ribeiro, cardiologista e nutricionista brasileiro, frisa que o pH do sangue do Ser Humano é de 7,35 a 7,45, ora como um refrigerante tem normalmente um pH de 2,5, o corpo tem de trabalhar muito para anular esse desequilíbrio. Segundo Lair Ribeiro são necessários 32 copos de água, com um pH “bom” [de preferência superior a 7,35], para anular a acidez provocada pelo refrigerante. “É puro veneno”, diz Lair Ribeiro.
Uma das consequências do combate da acidez é a redução da densidade óssea, o que potencia a osteoporose, raquitismo, espasmos nervosos e musculares, além de também aumentar o risco de desenvolvimento de cáries ou doenças da gengiva, como a gengivite. O ácido fosfórico também dificulta o trabalho do estômago para produzir ácido gástrico, atrasando o processo de digestão e a absorção de nutrientes.
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Infertilidade
O bisfenol A (BPA) é utilizado na produção de múltiplos plásticos, como as tradicionais garrafas de refrigerantes ou no revestimento interno das vulgares latas de alumínio que contêm refrigerantes. Os especialistas consideram o BPA uma molécula muito instável que facilmente pode passar dos plásticos ou latas para os alimentos, apenas com mudanças de temperatura ou danos na embalagem. Costa Rica, Canadá e alguns estados dos EUA há muito que o proibiram. Já na União Europeia, só em 2011 é que foi decidido proibir a produção e a comercialização nos biberons (leia mais sobre o BPA em artigos neste site), mas a generalidade dos refrigerantes continua a estar exposto ao bisfenol A. Um químico associado, por cientistas, médicos e outros especialistas, ao desenvolvimento de problemas hormonais na mulher e no homem, que levam à infertilidade, puberdade precoce, desenvolvimento de doenças degenerativas e obesidade.
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Gastrite
O ácido presente nos refrigerantes, utilizado para gasificar, ataca as células gástricas, reforçando o risco de azia, provocando muitas vezes refluxo, gastrite, que poderá evoluir para úlcera se nada for feito. O consumo habitual reforça ainda o nível de acidez do suco gástrico criado pelo estômago, sublinham os especialistas.
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Pedra nos rins
O elevado nível de ácidos dos refrigerantes (fosfórico ou cítrico, entre outros) faz com que o corpo recorra ao cálcio, que é fundamental manter a estrutura dos ossos, para facilitar a digestão e equilibrar o nível de pH.
Dessa forma, os rins precisam de eliminar o cálcio utilizado nesse processo, o que aumenta o risco de formação de pedras nos rins, devido à acumulação no seu interior, sublinham os especialistas. A pedra no rim é responsável por uma das maiores dores que o Ser Humano pode sentir.
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Insónia
O alto teor de açúcar dos refrigerantes, que muitas vezes acumula com cafeína, interfere com o ciclo circadiano e provoca insónia. Além disso, tanto o café como o açúcar são viciantes, o que estimula o consumo de refrigerantes.
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Envelhecimento precoce
Beber refrigerantes diariamente aumenta a velocidade com a qual as células do corpo humano envelhecem. A revelação é feita por cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco através de um estudo publicado, em 2014, no American Journal of Public Health.
Estes descobriram que o consumo diário de duas latas de refrigerante por dia provocavam mudanças no ADN, o que tornavam as células 4 a 6 anos mais velhas do que realmente eram. A análise de milhares de amostras de ADN revelou que os telómeros destas pessoas ficavam mais curtos do que as que não tinham esse hábito. Telómeros mais curtos do que a média são um sinal de envelhecimento e de doenças potenciais relacionadas com a idade, como por exemplo alzheimer, diabetes, doenças cardíacas, entre outras (leia mais sobre telómeros em artigos publicados neste site).
Este texto é uma tomada de consciência. De acordo com a estação do ano e o momento em que se encontra, cabe a cada um sentir se deve consumir este alimento. A dosagem e frequência depende da natureza e da condição física de cada Ser Humano.