O crudivorismo, ou em inglês ‘Raw Food’, consiste em consumir alimentos de origem agrícola 100% biológicos e o mais frescos possível, como vegetais (legumes e germinados de leguminosas) e frutas, tudo em estado natural, ou seja, cru. De fora ficam todos os produtos de origem animal (carne, peixe e seus derivados) ou produtos processados.
Cozer, assar ou fritar os alimentos significa perda de nutrientes e de energia. Segundo David Jubb, neurofisiologista australiano, uma das referências nesta área, considera que quando os alimentos são submetidos a uma temperatura superior a 42 graus Celsius, as suas enzimas são destruídas e também há perda de muitas vitaminas e de minerais, além de serem produzidos muitos radicais livres. Na prática, as altas temperaturas modificam e stressam as moléculas dos alimentos, retirando-lhes a sua energia vital.
“Se comemos alimentos stressados, já para não falar como são criados, colhidos ou abatidos até chegar à nossa mesa, como é que achamos estranho andarmos stressados no dia-a-dia e com certas doenças?”, questionam muitos especialistas em nutrição.
Assumindo que os legumes e as frutas devem representar cerca de 50% da nossa alimentação diária, ao ingeri-los crus ou levemente cozidos, com pouca água, estamos a dar ao nosso corpo alimentos com maior quantidade de enzimas digestivas, compostos bioativos, fibras, vitaminas e minerais. Esta opção permite igualmente facilitar a digestão, pois o trânsito no aparelho digestivo destes alimentos, dependendo de pessoa para pessoa, é feito entre 24 a 36 horas, enquanto que os alimentos cozinhados podem ultrapassar esse intervalo de tempo e há mesmo casos em que atingem ou superam as 72 horas.
O Ser Humano é um centro alquímico, logo está mais apto a transformar os alimentos crus do que os cozinhados para serem depois absorvidos pelas nossas células.
Os adeptos desta alimentação, como os especialistas brasileiros em nutrição, Elias Pereira, Conceição Trucom ou Zita Zamberlan, justificam ainda esta opção com o facto de deixarmos de sobrecarregar o nosso organismo com resíduos tóxicos, deixando-o limpo e com energias suficientes para os processos vitais: cura e regeneração celular.
Mas atenção, a confeção de alimentos em estado natural ou cru necessita de cuidados redobrados na desinfeção dos alimentos para precaver o risco de intoxicações alimentares. É por isso que a utilização do fogo para confecionar certos alimentos é controversa, pois torna mais fácil mastigá-los, como por exemplo a carne ou o peixe, e as temperaturas acima dos 60 graus Celsius matam bactérias e microorganismos nocivos ao nosso organismo, impedindo assim a propagação de certas doenças. Há cientistas e nutricionistas que sublinham também que o fogo aumenta e disponibiliza certos antioxidantes (beta-carotenos e luteína) contidos nos alimentos que em estado cru não seriam absorvidos pelo nosso organismo.
O professor de biologia antropológica da Universidade de Harvard, Richard Wrangham, sublinha que a descoberta do fogo possibilitou o aprimoramento do nosso cérebro e a consequente evolução da nossa espécie. Richard Wrangham dá o exemplo dos macacos que passam o dia todo a mastigar os alimentos que consomem crus, enquanto nós humanos economizamos energia na sua digestão por estes serem cozinhados e utilizamos a energia para outras funções.
Mas, antes de avançar em exclusivo para uma alimentação crudívora, convém ir testando os alimentos em cru para educar o seu paladar, pois há certos alimentos com um sabor menos agradável para quem não está habituado. Depois ainda há a quantidade, poderá ter necessidade de comer mais do que é habitual para ficar satisfeito.
Comece por exemplo por uma refeição crudívora por semana, depois faça um dia por semana e numa fase seguinte teste uma semana inteira para ver como se adapta. Teste de uma forma gradativa para não ter surpresas desagradáveis e também para ter tempo para se reinventar na cozinha.
Os maiores adeptos do crudivorismo são necessariamente veganos ou vegetarianos e pessoas mais mercuriais (ler texto sobre “Três Princípios Filosóficos da vida“), embora este tipo de alimentação esteja a atrair cada vez mais pessoas.
Uma refeição pode ter frutas (limão, laranja, abacate, banana ou coco…), vegetais frescos (espinafre, alface, pepino, brócolos, couve, salsa, cebola, tomate e pimentos…), microvegetais (rebentos de rúcula, manjericão, brócolos, erva de trigo, ervilha, beterraba, girassol, alface, chia, lentilhas, coentros, agrião, mostarda, couve-roxa, cebolinho, rabanete, feijão, ervilha e nabo…), frutos secos (nozes, castanhas, amêndoas…), sementes e algas marinhas. Para temperar, pode-se utilizar azeite, óleo de linhaça, coco, gergelim, sal rosa dos Himalaias ou marinho, vinagre de maçã, molho de soja, curry, cúrcuma, açafrão, gengibre, pimenta, alho em pó, noz-moscada, gengibre seco, entre outros. E para adoçar, usa-se agave, stevia, passas sem grainha ou tâmaras.
“É óbvio que a comida também pode ser cozinhada, mas tem muito mais valor crua porque mantém os nutrientes”, diz Márcia, brasileira, formada em Economia e ex-funcionária da operadora de telecomunicações Portugal Telecom, citada pelo jornal Público em “O almoço está cru”.
Para testar comida crudívora pode fazer a experiência em casa ou entrar num restaurante da especialidade, por exemplo em Lisboa tem o Bem-Me-Quer, na avenida Almirante Reis ou no café galeria House of Wonders, no centro de Cascais, Lisboa.
Sinta mais sobre nutrição em:
Três Princípios Filosóficos da Vida
A energia que faz vibrar átomos, células e o universo
Alimentação deve respeitar a “natureza e o estado” do Ser Humano
Obsessão por uma alimentação perfeita é um desequilíbrio?
Reforce a sua consciência em:
https://www.facebook.com/ritazamberlan/
https://www.delas.pt/alimentos-crus-sao-a-solucao-para-os-nossos-males/
http://www.ecocenter.pt/microvegetais.html
http://www.vidaemestadocru.com/p/o-que-e.html#sjump
https://www.youtube.com/watch?v=0wfQUtkabBE
https://www.publico.pt/2015/02/22/sociedade/noticia/o-almoco-esta-cru-1686757