É do senso comum que a magia de um perfume desperta emoções, muitas vezes adormecidas no passado, proporciona experiências novas, sentimentos, como confiança ou felicidade e, por vezes, até oferece um estatuto de Ser único. Trata-se da varinha de condão a fazer funcionar a emoção, a memória e a criatividade através da informação que é passada via olfato, pele ou pelos nossos recetores magnéticos. Mas nem tudo é o que parece.
Há milhões de anos que o homem usa os mágicos perfumes, sendo os registos mais antigos relativos às remotas civilizações egípcias. Mas nessa altura os perfumes eram criados e preparados, pelos antigos alquimistas, através de matérias-primas naturais: álcool, água destilada e óleos essenciais. Um processo produtivo que os tempos modernos do consumo em massa levou a indústria a apostar forte na sofisticadíssima tecnologia laboratorial.
Hoje, as criações são feitas essencialmente à custa de equações químicas compostas por computadores que misturam substâncias naturais e nomeadamente sintéticas (derivados do petróleo que contêm substâncias tóxicas). Em causa estão as restrições ambientais que existem para travar a extinção de mais plantas e animais. Por exemplo, para se obter um quilo de essência de jasmim é preciso apanhar 600 quilos de flores de jasmim e para fazer um quilo de essência de rosa são necessárias cinco toneladas de rosas. Já no caso de animais, o veado almiscareiro, de onde se retira o óleo de almíscar (glândula que certos animais possuem para produzir a substância com que marcam seus territórios e atraem as fêmeas), tem hoje o seu comércio limitado, a nível mundial, a 300 kg por ano. No entanto, a produção da maioria destas substância encontradas em vegetais e animais, feitas através de células sintéticas, até são economicamente mais vantajosas para a indústria, segundo os analistas. As vozes das grandes empresas sublinham, no entanto, que não é bem assim, pois há sintéticos como o Ambroxan (âmbar gris), Damascona (rosa) ou o Irone (íris) que são tão caros ou ainda mais do que os naturais.
A verdade é que pelo lucro trava-se uma batalha sem precedentes por novas fragrâncias, onde a psicologia emocional do ser humano é estudada e trabalhada ao pormenor. Só para a elaboração de um perfume, os laboratórios chegam a misturar mais de 300 substâncias diferentes entre essências naturais e substâncias sintéticas. Uma lista de ingredientes que as marcas de perfumes guardam a sete chaves em nome do segredo industrial.
Sabia, por exemplo, que há perfumes que usam: Âmbar Cinzento que é obtido através da segregação biliar gerada por cachalotes ou baleias; Civeta Musk extraído das glândulas anais de civetas masculinos; Castóreo é conseguido na segregação das glândulas anais do castor; Escatol, um composto que se encontra naturalmente em alcatrão carvão e fezes; Fenóis que são pesticidas naturais produzidos por plantas para afastar insetos…, entre muitos, muitos outros. Parece valer tudo para que se atinja o grande objetivo, leia-se a preferência dos consumidores, nem que para isso se coloque em risco a própria vida do consumidor.
A denúncia desta realidade é feita por vários estudos e testes divulgados nos últimos anos e que associam muitas das substâncias que constituem os perfumes à causa de cancro, nomeadamente da mama, a alterações do sistema hormonal que afeta, por exemplo, os órgãos reprodutivos do homem ou leva à puberdade precoce, a desenvolver inflamações que podem potenciar doenças como Alzheimer e Parkinson, a provocar problemas respiratórios ou mesmo a ser responsáveis por alergias.
O tabú começa a ser quebrado?
Ao contrário de um produto alimentar em que é obrigatório existir um rótulo com todos os ingredientes da sua composição, num perfume as autoridades de controlo ficam satisfeitas com uma referência muito genérica, em que é dado a conhecer a fragrância, mas são ocultados todos os seus componentes ao abrigo do segredo industrial.
Na prática o consumidor fica a saber zero e tem de confiar cegamente na International Fragrance Association que desde 2017 está a dialogar com a União Europeia para que as fragrâncias sejam transparentes aos olhos dos consumidores. Já do outro lado do Atlântico, os gigantes mundiais Unilever, em Fevereiro de 2017, e a Procter & Gamble, em Agosto de 2017, anunciaram que vão quebrar o tabú e começar a revelar em detalhe todas as informações sobre os ingredientes das fragrâncias dos seus produtos de higiene pessoal e de limpeza.
Esta maior transparência abre a porta para que os consumidores passem a saber o que contém verdadeiramente um perfume. É que a sua composição assenta em fórmulas que em média têm 40 a 250 matérias-primas, escolhidas a partir das aproximadamente 1.500 essências naturais e 4.500 sintéticas, em que as combinações são bastante complexas.
E as fragrâncias encontradas em detergentes, amaciadores e produtos de limpeza e de higiene pessoal são, com frequência, as mesmas que são usadas na produção de muitos perfumes.
O que fazer?
Face à ocultação de informação que existe sobre a composição de um perfume, a melhor opção para não correr riscos é aplicá-lo na roupa diária. Evite colocar perfume atrás das orelhas, no pescoço e na parte interna dos pulsos porque estes três pontos específicos [dos 12 pontos electromagnéticos que o nosso corpo tem] são portas de entrada e de saída de energia que animam os nossos meridianos, controlados por si e pelo sistema hormonal, os vórtices dos corpos sutis. Assim, evita que as substâncias sintéticas e naturais que integram os perfumes sejam absorvidas pelo seu organismo e lhe provoquem danos. A escolha está nas nossas mãos.
Este texto é uma tomada de consciência. De acordo com a estação do ano e o momento em que se encontra, cabe a cada um sentir se deve consumir. A dosagem e a frequência depende da natureza e da condição física de cada Ser Humano.